Em um contexto de crescentes tensões comerciais, o Brasil desponta como possível alvo no novo pacote tarifário anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Um relatório do governo norte-americano, com extensas 400 páginas, entregou à Casa Branca detalhes das “tarifas relativamente elevadas” aplicadas pelo Brasil a produtos dos EUA, alimentando receios de sanções retaliatórias. Os setores mencionados incluem desde veículos e componentes automotivos até tecnologia e vestuário, indicando uma ampla variedade de itens sob avaliação.
“Este relatório impõe desafios relevantes para o Brasil no campo do comércio internacional e nas suas relações bilaterais com os Estados Unidos”, comenta Henrique Lima, sócio da Lima & Pegolo Advogados Associados. Indagado sobre os possíveis efeitos para a economia nacional, Lima enfatiza que “caso essas tarifas sejam adotadas, podemos assistir a um encolhimento das exportações brasileiras ao mercado americano, afetando milhares de postos de trabalho e a competitividade dos nossos produtos.”
Especialistas de ambos os lados do Atlântico reconhecem que o relatório pode representar apenas um ponto inicial, considerando que outros documentos estão sendo preparados em Washington para embasar a decisão definitiva. Segundo a Folha de S.Paulo, assessores de Trump analisam fatores além das tarifas para definir a estratégia do governo. Lima ressalta que o Brasil poderia recorrer a articulações diplomáticas e comerciais como forma de minimizar os impactos.
Em sua avaliação, Henrique Lima propõe que o Brasil adote uma postura ativa. “É essencial que nosso governo estabeleça diálogo direto com a administração norte-americana a fim de negociar condições menos desfavoráveis e identificar oportunidades de cooperação mútua”, afirma. Para companhias brasileiras, este pode ser o momento oportuno para reavaliar suas políticas de exportação e buscar mercados alternativos enquanto o cenário internacional não se estabiliza.
Com o comércio global em constante transformação, essa conjuntura representa tanto um obstáculo quanto uma chance para o Brasil repensar suas alianças comerciais com uma das principais potências econômicas do mundo.